Instituto Catalisador incentiva cultura maker a crianças e adolescentes de Pirituba

Mesmo com a pandemia, o Instituto Catalisador, por meio da parceria com o Instituto Cyrela, seguiu com as atividades para as crianças e adolescentes do Mirante Cultural e da EMEF Alice Meirelles Reis

Poder experimentar e colocar em prática lições teóricas sempre melhora o aprendizado. Afinal de contas, foi desta forma que a humanidade evoluiu ao longo do tempo – estudando, criando hipóteses e testando-as na prática. É assim que resolvemos problemas no dia a dia e, sem isso, jamais teríamos grandes invenções, como a eletricidade e os aviões.

E esses são justamente alguns dos princípios da cultura maker, também conhecida como “mãos na massa”. Para quem nunca ouviu o termo, esta ideologia prega que qualquer ser humano é capaz de tornar realidade suas próprias ideias, construindo, consertando ou criando-as. “Estas criações promovem a ampliação de repertório cultural e a conquista de habilidades diversas”, apontam Simone Kubric Lederman, Maria del Carmen Sforza Gil e Rita Camargo, profissionais à frente do Instituto Catalisador.

Metodologia maker

O Instituto Catalisador, desde 2015, realiza propostas de Aprendizagem Criativa junto a escolas públicas e espaços educativos. E a estratégia “mão na massa” faz parte deste projeto. Com atividades que entrelaçam ciências e cultura, tecnologia e artes, ele oferece cursos no contraturno escolar da rede pública para alunos do Ensino Fundamental I ao Médio. A iniciativa busca incentivar crianças e jovens a resgatar a confiança na capacidade de aprender, a curiosidade para explorar o mundo e saber sempre mais.

Para Rita, Simone e Maria del Carmen, esta metodologia tem se mostrado valiosa no caminho para uma sociedade complexa, globalizada e em constante mudança. “A cultura maker também incentiva a troca e a colaboração, a produção de conhecimento compartilhado e aberto, o que também contribui para uma cidade mais democrática e participativa. São inúmeros os espaços makers que estão surgindo como opção de contraturno privado nos bairros centrais das grandes metrópoles e nas propostas das escolas particulares”.

Espaço Catalisador Pirituba

No final de 2019, o Instituto Catalisador firmou uma parceria com outra organização local, o Mirante Cultural, que os convidou para fortalecer suas ações em Arte e Tecnologia. Assim nasceu o projeto Espaço Catalisador Pirituba (ECP), que oferece oficinas maker de qualidade para a comunidade da Vila Mirante e arredores.

Trata-se de uma iniciativa mão na massa, que visa contribuir para que cada criança e jovem participante possa se tornar um agente de transformação de sua própria realidade. “O ECP é formado por uma equipe de educadores entusiasmados com a invenção e o compartilhamento de saberes e práticas criativas, comprometidos com a conexão pessoal e com o fortalecimento da comunidade junto a qual atuam”, explicam as responsáveis.

Para fortalecer o Espaço Catalisador Pirituba e começar a experimentar novas parcerias com escolas públicas da região, o Instituto Catalisador vislumbrou a possibilidade de incluir cursos não presenciais a alunos de uma escola pública localizada em Pirituba. A parceria foi concretizada com a EMEF Alice Meirelles Reis.

Os cursos ofertados são:

  • Raio X da Tecnologia: dedicado a jovens do Ensino Médio, tem como objetivo desvendar o universo dos computadores para poder reparar e programar com autonomia.
  • Curta este Circuito: voltado aos alunos do Ensino Fundamental II, visa construir artefatos divertidos com componentes elétricos, eletrônicos e tecnologia digital.
  • Inventar e Brincar: destinado aos estudantes do Ensino Fundamental I, incentiva a autonomia da criança na relação com o brincar e potencializa processos criativos a partir de materiais do cotidiano.

“Decidimos experimentar, numa escala piloto, montando dois grupos de alunos (uma turma para o curso Inventar e Brincar e outra para curso o Curta esse Circuito), no formato de uma atividade de contraturno escolar em casa, e contando com a mediação por Whatsapp do professor da escola parceira junto com um educador da equipe do Catalisador. A interação diária nos diferentes grupos de Whatsapp tem sido bem rica, aparecendo projetos muito diferentes uns dos outros a partir dos mesmos materiais. As soluções dos diversos alunos inspiram o trabalho dos colegas e nos mostram que, sim, é mesmo possível realizar atividades mão na massa com significado e aprendizagem, mesmo no atual e desafiador contexto não-presencial”, destacam Rita, Simone e Maria del Carmen.

Atuação durante a pandemia

No início de 2020, o Instituto Catalisador começou com aulas presenciais para crianças e jovens. Mas já em março, com o início da pandemia, foi preciso transformar as atividades dos cursos presenciais em ações à distância, com o objetivo de continuar proporcionando vivências criativas, com significado, engajamento e aprendizagem.

Para viabilizar a concretização dessas atividades não presenciais, a equipe do Instituto Catalisador elaborou cadernos de atividades acompanhados por kits de materiais que foram entregues na casa de cada um pelo “Carteiro Catalisador”, um educador especialmente designado para essa missão (com todos os cuidados que o momento exigia).

“A mediação das propostas passou a acontecer em grupos de Whatsapp e os registros dos trabalhos de todos passaram a ser organizados em murais virtuais (padlet). Todo esse trabalho foi impulsionado também pelo intuito de propiciar momentos de fortalecimento de vínculos entre os participantes e suas famílias, além de uma troca genuína de ideias e conhecimentos entre eles próprios e nós, educadores”, contam.

O apoio do Instituto Cyrela se tornou fundamental neste momento tão delicado. Esta parceria possibilitou dar continuidade ao projeto no segundo semestre, elaborando novos cadernos de atividades e novos kits de materiais. Além disso, este apoio permitiu a compra de uma cortadora a laser para o Espaço Catalisador Pirituba.

“Com isso, pudemos criar e produzir uma série de peças de MDF pensadas especialmente para compor os kits, tornando as propostas ainda mais interessantes e desafiadoras para as crianças e jovens participantes. A cortadora a laser, um ícone da fabricação digital, é um equipamento muito versátil em espaços maker, pois permite a prototipação de peças e projetos autorais, com criatividade e tecnologia. No futuro, quando as atividades puderem voltar a acontecer de modo presencial, pretendemos ensinar as crianças e os jovens que participam dos cursos a desenvolverem projetos usando esse recurso inovador”, revelam Rita, Simone e Maria del Carmen.

A resposta para esta iniciativa tem sido bastante positiva por parte dos alunos e dos familiares – especialmente durante o período de isolamento social. É o caso de Jomara, mãe de Luis e Emily. “Eles querem utilizar os kits o tempo todo. Eu fico feliz porque o Luis pegava muito o celular para assistir vídeos, e agora ele esqueceu, porque tem muitas ideias para fazer os trabalhos. Mesmo com o distanciamento social, graças ao kit as crianças não ficam tão entediadas em casa”, elogia a mãe.

Recentemente, a equipe do Instituto Catalisador realizou uma terceira entrega de kits catalisadores com caderno de atividades e materiais. Com isso, os cursos não-presenciais poderão ser realizados até o começo de dezembro, mantendo a data prevista pré-pandemia.

Projetos futuros

Para 2021, o Instituto Catalisador espera retornar ao ECP com os cursos presenciais e de portas abertas para a comunidade, para que o espaço faça cada vez mais parte do dia a dia da Vila Mirante. “À medida que adquirimos equipamentos e insumos para a criação e produção dos kits, construímos também o espaço, preparando-o para futuro uso pela comunidade e escolas locais. É nesse sentido que se justificam investimentos em impressora 3D, eletrônicos, computadores, placas de programação, entre outros, além da manutenção da equipe”, relatam Rita, Simone e Maria del Carmen.

Outra meta para o próximo ano é ampliar as estratégias para inspirar outros educadores e espalhar práticas catalisadoras. A ideia é estimular:

  • parcerias com escolas públicas de Pirituba;
  • encontros catalisadores com outras organizações sociais;
  • publicação de conteúdos na Biblioteca de Práticas;
  • e o possível desenvolvimento de um aplicativo para disponibilizar atividades inovadoras, com curadoria de material pedagógico, para ainda mais educadores brasileiros.

Em 2021 deve ocorrer também o Festival de Cultura e Criatividade do Espaço Catalisador Pirituba. “Este projeto já está aprovado na lei de incentivo PROMAC da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo. O PROMAC prevê que todo contribuinte que pague ISS ou IPTU, tanto na Pessoa Física quanto na Jurídica, pode doar 20% desses impostos para projetos culturais aprovados pela prefeitura. Estamos neste momento iniciando o contato com possíveis incentivadores que possam doar parte do imposto para viabilizar esse projeto”, concluem as responsáveis.

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