Instituto Cyrela investe em projeto que apoia os educadores do Rio de Janeiro no momento da pandemia
A pandemia trouxe uma grande preocupação para pais, professores, alunos e educadores: a defasagem no aprendizado. Para entender este impacto, uma pesquisa comparou o desempenho de alunos 5º ano do ensino fundamental de 2019 a 2021. O resultado apontou uma queda de 19% na proficiência em Matemática e de 13% em Língua Portuguesa. Os dados são do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF).
Como forma de auxiliar educadores neste momento crítico, o Instituto Revoar, em parceria com o Instituto Cyrela, deu vida ao Projeto Educadores em Conexão. O objetivo do curso é ajudar estes profissionais a desenvolver competências socioemocionais para potencializar o ensino ainda que de forma híbrida e a aprendizagem dos alunos. Participaram, no total, 25 professores de diversas escolas, da coordenaria regional de educação de Piedade e Del Castilho, no Rio de Janeiro (RJ).
“O nome do projeto não é porque está online, mas sim por conta desta conexão do professor com ele mesmo, com a prática pedagógica, com a escola, com a educação que ele acredita, com os estudantes e com as competências socioemocionais e como elas são usadas na sala de aula. Ele entra em conexão com todos estes pilares”, explica Carolina Senna Figueiredo, presidente do Instituto Revoar.
Adaptação na pandemia
Para colocar o projeto em prática durante a pandemia, foi preciso realizar uma grande adaptação. “Fizemos dois laboratórios gratuitos para professores, como forma de testar a metodologia, que é muito vivencial e prática. Conseguimos transpor isso para o online, com o mesmo resultado e profundidade. Mas tivemos um grande trabalho para adaptar as aulas para este novo formato. Depois tivemos que testar a versão online em dois laboratórios, com aproximadamente 25 educadores da rede pública do Rio de Janeiro, para ter a segurança de que aquilo estava fazendo sentido e ver os resultados. Depois de tudo isso, fizemos uma avaliação com essas duas turmas que foram surpreendentes, muito boas. Com isso, tivemos a confirmação de que estávamos prontos para levar o projeto para o online. Foi uma grande superação que conquistamos em 2020”, conta Carolina.
A principal questão a ser resolvida era com relação às competências socioemocionais destes educadores. “Tínhamos 25 professores exaustos e pressionados, achando que não era possível dar conta de tudo o que estava acontecendo. Na escola particular, alunos e professores têm acesso a uma boa estrutura. No entanto, nas escolas públicas, eles não podem contar com isso – os estudantes não têm acesso a uma boa internet, a um bom computador ou telefone”, expõe Carolina.
Metodologia de trabalho
O primeiro passo do curso, segundo Carolina, foi ajudá-los a ter um olhar interno. “Eles estavam desanimados e desacreditados. Por isso, em um primeiro momento, buscamos resgatar os motivos que os levaram a escolher a profissão. A parte inicial do curso é um resgate do sonho deles e do legado que cada um deles quer deixar. Isto é, como cada um quer ser lembrado como profissional da educação”, comenta.
Após esta fase, também houve um processo para fortalecer o grupo como rede de apoio. “Fizemos ainda o processo de olhar para fora: como eles podem desenvolver estes aspectos em si mesmos para depois aplicar nas práticas pedagógicas e nos alunos. Fizemos também um grupo de apoio entre eles. Cada professor tinha um professor-anjo, uma dupla, para eles se cuidarem”, pontua Carolina.
A conexão com os alunos também foi um ponto trabalhado durante o curso. “ A dinâmica da sala de aula é bastante exaustiva – a cada 40 minutos, eles mudam de sala, são cerca de 40 alunos por turma. É difícil manter essa conexão com os jovens. Por isso, fazemos um mapa de empatia para ele “revisitar” quem é esse estudante. Esses alunos não estão na escola à toa. É preciso lembrar que a escola tem um significado de sonho e futuro para eles. Quando você olha de forma diferente para cada menino ou menina – diante da realidade dele (a) e do contexto em que ele(a) vive – você consegue desenvolvê-lo melhor também, criar conexão, afeto”, destaca.
Além disso, o Projeto Educadores em Conexão permitiu a criação de aulas em conjunto. “Eles trocaram ideias e criaram o conteúdo para sala de aula em conjunto”, afirma Carolina.
Resultados do Projeto Educadores em Conexão
Em primeiro lugar, o projeto trouxe os resultados individuais. “Tivemos relatos de profissionais que disseram ter saído de uma depressão ou até que conseguiram evitar esta doença, por exemplo. Outros educadores também passaram a acreditar mais na educação e na importância da própria profissão, como mediadores do desenvolvimento de outras pessoas”, conta a presidente do Instituto Revoar.
Em paralelo a isso, foi importante para que eles pudessem compreender a importância das competências socioemocionais na vida dos alunos. “Quando temos estas competências desenvolvidas, conseguimos aprender mais e melhor. Eles conseguiram entender o quanto é importante pra sala de aula e pro desenvolvimento dos alunos”, aponta Carolina.
Para o Instituto Revoar, a conclusão de que tudo isso tem uma dimensão muito maior do que é possível perceber, uma vez que o que os educadores aprendem ali pode ser passado adiante para o ambiente de trabalho, para os estudantes e até mesmo para suas famílias.
“Através dos relatos, conseguimos perceber o quanto foi fantástico esse processo e dos resultados que tivemos. Tivemos uma pesquisa no final e uma das perguntas era: ‘se pudesse levar esse processo para a escola, você levaria? 100% dos professores responderam de forma afirmativa”, conclui Carolina.